Movimento Hip-Hop faz 50 anos e realiza evento de comemoração na UTFPR

A comemoração contou com convidados especiais, participação do público e presença de representantes políticos.

Por: Kaylany Souza e Wesley Biscaia

A segunda edição do Hip-hop na Universidade ocorreu na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR,) em outubro de 2023. O objetivo do evento foi promover debates sobre culturas populares dentro do ambiente acadêmico e celebrar os 50 anos da Cultura Hip-Hop.

Autor: Wesley Biscaia

Com apoio do Núcleo Social Hip-Hop, Independent Steer Vídeos e do Coletivo Cultural Academia 12, o evento contou com a presença de diversos artistas conhecidos em Curitiba e Região Metropolitana como Célio Jamaica, Berquelei, Dj Bi0fA, Dj bK12, entre outros. Houve também a apresentação do poeta, professor e ativista Nelson Maca, que foi aluno da instituição quando ainda era Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) e logo quando ocorreu a transformação para Universidade Federal, realizou seu primeiro ano de faculdade de Letras.

Em entrevista, Nelson contou que dentro do movimento ele é conhecido como o Slammer, aquele que cria poemas e trechos de cantos, e dentro da cultura o que chamam de quinto elemento, “A pessoa que se preocupa para que o grupo tenha atividades sociais, então nós sempre fizemos atividades em prisões, escolas periféricas e universidades, também de pedagogia Hip-hop, de ensino”, relata.

“Eu sempre levei muito pro Hip-hop a minha experiência acadêmica, para gente poder unir as duas coisas e poder preparar cursos mais efetivos.” – Nelson Maca

Como convidada especial, a presença da Mestre de Cerimônia Pâmela encantou o público com sua participação ministrando uma batalha de rap entre dois participantes. “O MC é um mestre de cerimônia, então ele precisa dominar a cerimônia, então existe uma responsabilidade e um peso muito grande em tudo o que a gente fala, em tudo o que a gente faz, e ser e estar dentro do Hip-Hop, é você ser dentro do Hip-Hop e quando você sair do palco pra depois dele”, relata em entrevista.

“Ser mulher e estar com microfone, é estar em uma posição de responsabilidade
e educação.” – MC Pamela

Como um dos elementos que compõem o Hip-hop tivemos a participação ilustre dos dançarinos Jedi e Akashi, que fizeram uma batalha de break no palco para aproximar mais os participantes da cultura. “Isso está salvando muito jovem periférico hoje em dia, gente que não tinha voz mas agora que está crescendo por conta do movimento que foi surgindo para dar voz para este tipo de pessoa, para as pessoas aqui da universidade, que é bolsista e que vem de fora também”, diz Jedi. 

“Eu chamo de liberdade, porque antigamente todo mundo via o Hip-Hop só pelo rap, Racionais, Sabotage, todo mundo gostava mas ninguém queria falar que era o Hip-Hop”, conta Akashi.

“Pra mim o Hip-Hop entrando nisso(na juventude) libertando a nova geração eu chamo de liberdade, e mais do que liberdade também, abre porta para oportunidade.” – Akashi

Público presente

A celebração realizada contou com a presença de alunos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, público externo da universidade e a presença da professora, historiadora e diretora da Igualdade Racial, Povos e Comunidades Tradicionais da Secretaria da Mulher, Igualdade racial e Pessoa Idosa: Clemilda Santiago Neto, que comemorou seu aniversário junto com os 50 anos do Hip-Hop. “Esse evento para nós negros e negras, para a sociedade brasileira, é a forma de se contar o nosso cotidiano, a nossa história, a nossa vida, a verdade que há em nós, tudo aquilo que sempre tentaram apagar nós estamos trazendo, é como uma fênix renascendo das cinzas.” conta.

“Não basta dizer que vidas negras importam, é preciso que se estabeleça o direito à vida para esta população.” – Clemilda Santiago

Representantes políticos

Prestigiando a cultura e o Hip-hop na Universidade, a vereadora de Curitiba Giorgia Prates, o deputado estadual Renato Freitas e a deputada federal Carol Dartora marcaram presença no evento e falaram um pouco sobre a importância de movimentos como este dentro de Universidades Federais e também comentaram sobre como estes espaços precisam ser ocupados para serem vistos pelos órgãos públicos.

“O Hip-hop pra mim também está na veia, está na vida, tá na sanidade mental, o hip-hop também me salvou um dia”. “Acho que é um grande passo da questão do humanismo, poder debater isso dentro de universidades, trazer essa população que nunca acessou espaço para falar, debater, se trazer e se colocar”, comenta Giorgia Prates, vereadora e presidente da Comissão de Direitos Humanos na Câmara de Curitiba.

“Enquanto minha mãe estava limpando casa de bacana no centro da cidade em bairro nobre, eu estava nos barracos de madeira, nas ruas de terra, ouvindo rap e me orientando por ele, foi lâmpada para os meus pés em tempos de solidão.”. “O hip-hop está sendo atacado, o hip-hop está em guerra, pela indústria cultural, aquela que não quer saber a ideia, a raíz, a autenticidade, quer saber o número de views que aquela expressão pode proporcionar, para ver o cifrão que pode gera”, diz Renato Freitas, deputado estadual pelo Paraná.

“É uma alegria estar aqui assim, vendo a cultura periférica, pois é isso que o Hip-Hop é. O Hip-Hop é cultura, ele é movimento social, ele traz denúncias, mas ao mesmo tempo ele também é uma forma lúdica ‘da gente’ viver essa cultura periférica.”. “A relevância de ter o hip-hop é essa, poder demonstrar para a juventude que o espaço da universidade também é um espaço para ele”, relata Carol Dartora, deputada federal e estudante de doutorado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Nas imagens estão retratadas o público do evento, o Slamer Nelson Maca, o Dj bk12, a MC Pâmela e outros mestres de ceriônias em batalha e os políticos Giorgia Prates e Renato Freitas acompanhados por colegas respectivamente. Fotos feitas por Wesley Biscaia.

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